Avaliação da sensibilização na relação professor e aluno



A composição de temas sobre o meio ambiente, nas últimas décadas, tem como principais referências o efeito estufa, a camada de ozônio, a poluição dos rios, mares, solos e atmosferas, chuvas ácidas, câncer de pele devido a alterações nas camadas atmosféricas, derretimento das geleiras, desaparecimento de faixas terrestres litorâneas, extinção de espécies da fauna e da flora, formação de desertos provocada pelo mau uso do solo, exaustão e degradação de terras cultiváveis.
Embora este seja um assunto bastante discutido pelos meios de comunicação, quando vamos trabalhar com o tema em sala de aula, temos de considerar alguns pontos.
Em primeiro lugar, ao selecionar o material de trabalho, precisamos tomar cuidado com os textos apresentados pelos livros didáticos, que geralmente tratam do assunto com descrição de características, sem a preocupação de discutir as relações de produção, as relações humanas e as desigualdades sociais.
Sobre os impactos ambientais, sabemos que uma minoria da população mundial que detém a utilização dos recursos e que provoca as maiores taxas de poluição. Como exemplo podemos citar a estimativa de que os estados Unidos sejam os responsáveis pela produção de 25% da poluição produzida mundialmente. Ao mesmo tempo, as relações de desigualdade mantêm imensos contingentes populacionais na mais absoluta miséria.
O entendimento sobre as formas de utilização dos recursos naturais deve considerar a diminuição da fome e da miséria no mundo, favorecida por políticas de maior distribuição de renda.
Esse conhecimento é extremamente necessário, porque, quando o cidadão entende os mecanismos de dominação que legitimam as desigualdades, melhora as relações sociais a seu redor, instalando modelos de comunidade mais solidária. Assim, os princípios de cooperação e de solidariedade possibilitam encontrar soluções para os problemas do bairro.
Outro fator é a contextualização do conteúdo. Geralmente, os textos estudados falam de coisas que parecem distantes do conhecimento dos alunos: não são agricultores para desmatar e utilizar pesticidas, não são industriais para poluir rios e atmosfera, não são chamados para participar de políticas ambientais – isto é, torna-se difícil mobilizar interesses e ativar a participação dos alunos nas atividade. E, principalmente, é preciso ligar o conteúdo estudado a suas vidas, desenvolvendo a cidadania.
Quando o professor trabalha o tema meio ambiente por meio de estudo de uma situação concreta que existe na comunidade, fica fácil perceber de que maneira todos nós estamos participando positiva ou negativamente no processo de preservação das condições de vida na terra. Nesse caso, estaremos discutindo sobre os hábitos da comunidade, sobre as ações a serem desenvolvidas para minimizar os problemas e sobre a adoção de novas atitudes.
Para que a relação professor e aluno possibilite as vivências de situações de aprendizagem, tornam-se necessários a sensibilização e o estímulo para o envolvimento e a participação.
Na medida em que nos consideramos construtores de novas realidades sociais, que acreditamos em nossa capacidade de criar movimentos culturais cada vez maiores e influenciar a qualidade de vida do planeta, iniciando o movimento por nossas próprias atitudes, estamos sendo cidadãos.
Delimitando assim o estudo sobre o meio ambiente – dentro das implicações e do tratamento dados ao tema neste texto – quando pensamos em uma avaliação de trabalho a ser desenvolvido em sala de aula, os resultados das ações práticas não são, em si, o mais importante, e sim a dimensão política dos conhecimentos.
É o novo cidadão que nos interessa, de ethos e de competência, que utiliza o direito de escolha justamente por conhecer as implicações de seus atos, em dimensão que não individualiza nem reduz, mas exige medidas que inauguram novas relações humanas e novas relações com a natureza.

Construção da proposta pedagógica, volume 1 / Embrapa; Valéria Sucena Hammes, editora técnica. – são Paulo: Globo , 2004.

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